domingo, 22 de março de 2009

Itambé do Mato Dentro tem o menor índice de violência de MG

Na Praça Primeiro de Maio, os amigos Raimundo Almeida, de 86 anos, e Sebastião Costa, de 79, aproveitam o tempo livre para botar a conversa em dia.

Itambé do Mato Dentro – Apenas 145 quilômetros separam a cidade mais violenta de Minas Gerais, Belo Horizonte, da ocupante da última posição no ranking estadual, Itambé do Mato Dentro, na região Central. A class_ificação leva em conta o número de ocorrências registradas pela Polícia Civil, em 2006, e descarta o de moradores. Enquanto os quase 2,4 milhões de habitantes da capital lamentaram 945 homicídios e 30.019 crimes violentos no ano passado, as 2,7 mil pessoas do pequeno município, conhecido pelas várias cachoeiras, não choram um assassinato desde 1997. O último roubo foi em 2004. Mesmo assim, os moradores fazem questão de ressaltar: o crime foi cometido por forasteiros que invadiram a prefeitura e outras sedes de municípios vizinhos para levar computadores.

A delegacia responsável pela cidade fica em Itabira, distante 35 quilômetros, e recebeu apenas duas ocorrências em 2006. Mas elas não resultaram em inquéritos porque as investigações concluíram que não houve crime. O resultado de cidade mais tranqüila não surpreendeu os moradores de Itambé do Mato Dentro, acostumados a dormir com portas destrancadas e janelas abertas. A calma é tanta que o município nem precisa de uma delegacia. O “pelotão” da Polícia Militar no local é formado por um sargento, dois cabos e um soldado. De vez em quando, um deles é deslocado para reforçar o efetivo de municípios vizinhos.

O PM mais antigo, o cabo José Agostinho Monteiro, trabalha lá desde 1990. “A última prisão que fiz, em flagrante, foi há cinco anos”, conta. “Aqui é tão calmo que acabamos fazendo um trabalho mais comunitário, orientando moradores e proferindo palestras, como para o Conselho Tutelar. É mais um serviço de prevenção”, acrescenta o sargento Cremilson Silva Oliveira, que tem oito anos de corporação e já enfrentou bandidos em BH e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Ele sabe bem a diferença entre o policiamento das duas cidades e o de Itambé: “Os problemas das grandes regiões não chegaram aqui”.

A tranqüilidade em Itambé é espelhada nos rostos dos habitantes, principalmente dos mais antigos, que levam uma vida bem pacata. Seu Sebastião Costa, de 79 anos, é um deles. O aposentado nasceu em Conceição do Mato Dentro e chegou ao atual município por “volta dos anos 1950”, como diz. “De Santa Maria do Itabira até aqui são 36 quilômetros e vim no lombo de um cavalo. Chegando, a primeira pessoa que avistei foi uma linda moça, numa janela. Casei-me com ela e tivemos cinco filhos”, recorda, sem esconder a emoção.

Ele passa as manhãs conversando com os “velhos e bons amigos” na Praça Primeiro de Maio, onde fica a Igreja Nossa Senhora das Oliveiras, padroeira da cidade. Um deles é o marceneiro Raimundo Martins Almeida, de 86, companhia certa nas missas de domingo. A dupla se encanta com o altar, construído no século 18 e tombado pelo patrimônio histórico estadual. Também sobram elogios para o badalar do imenso sino, de 1855, que convoca a população para as rezas. “Não há lugar calmo e bonito como esta cidade”, assegura Raimundo.

E assim caminha o dia-a-dia em Itambé. Despreocupados, vizinhos passam horas conversando nas calçadas, recordando o passado e se divertindo nas águas da região. São dezenas de cachoeiras, rios e ribeirões que descem pelas imensas montanhas e atraem vários turistas. Bom para o ajudante de pedreiro Geraldo Soares, de 42. Todo fim de tarde, ele e os filhos Jhouzeff Pytter, de 13, e Jhouzeffer Patrick, de 14, jogam as iscas no Rio Preto e conseguem boa quantidade de lambaris, piaus, timburés, carás e até traíras.

“O máximo que já vi em Itambé, nos últimos anos, em relação a violência, foi uma ou outra discussão, mas que é resolvida na hora”, diz o pai. Simpático e carregando o pescado numa velha capanga, ele não deixa de convidar os amigos que encontra pela frente para o jantar. O sorriso no rosto é marca constante do trio, principalmente quando cumprimenta um casal de irmãos que adotou Itambé como cidade do coração. Trata-se dos ex-artistas circenses Leon Jaime Santos Araújo, de 53, e Ivanda Santos Araújo, de 47.

Os dois rodaram o Brasil se apresentando debaixo de lonas. Ao chegarem em Itambé, para uma temporada, amaram o lugar e nunca mais foram embora. “Era 1979. As ruas não tinham calçamento e já gostamos daqui. Fui palhaço e equilibrista. Minha irmã, contorcionista. Posso dizer que, aqui, não tem violência. É um lugar excelente para se morar”, assegura Leon, que morou e passou várias temporadas em diversos endereços do país.

Já Jojó, como é conhecido o aposentado Josias Meirelles Perdião, de 52, não saiu muito de Itambé. Mesmo assim, o senhor que anda na sela de um cavalo, carregando galinhas para vender, não se engana: “Não tem outra melhor”. O comerciante Deolindo de Melo Lage, de 82, reforça as palavras do amigo. “Tenho esta loja há cerca de 60 anos e nunca fui assaltado. Mas, em BH, já me roubaram uns trocados que carregava no bolso”, compara.

Portal UAI com informações de Paulo Henrique Lobato/Estado de Minas

7 comentários:

  1. conheci aquele lugar e me apaixonei quero morar ali pra sempre

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  2. que cidade bacana quero morar ai se deus quiser nilson de betim

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  3. queria me mudar para esta cidade

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  4. queria poder escolher esta cidade para morar fatima lara de bh

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  5. O meu sonho é encontrar um local digno de se viver em paz gostaria de viver em um local onde todos se conhecem e se respeitam será que um dia encontrarei?

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  6. não conheço a ciddade, mas tenho vontade de morar lá

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  7. MAS O CUSTO DE VIDA É MAIS ALTO QUE BH?

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